Caia e S. Pedro
Resumo histórico
Situada no distrito de Portalegre, no concelho de Elvas, a freguesia Caia e S. Pedro e Alcáçova pertence ao centro urbano de Elvas, sendo limitada pelo Rio Caia, Espanha e por S. Vicente, Barbacena e Campo Maior. O seu orago é S. Pedro e na freguesia realizam-se as Festas dos Hortelãos em honra do Sr. Jesus da Boa- Fé.
A atual freguesia resultou da anexação de Caia que tinha por orago Nossa Senhora da Encarnação, de S. Pedro da cidade de Elvas e de Alcáçova.
Difícil será explanar a História desta freguesia sem decorrer à história de Elvas propriamente dita.
Em 1166, Elvas foi tomada aos mouros por D. Afonso Henriques, no entanto acabou por ser reconquistada pelos mouros e só em 1229, D. Sancho II que havia sido forçado a abandonados portugueses. Na conquista definitiva de Elvas. D. Sancho II foi ajudado pelo prior do Hospital, D. Rodrigo, pelo mestre dos templários e por D. Soeiro, Bispo de Évora; este ultimo foi o primeiro que entrou na praça, à frente dos seus homens de armas, pela porta do poente, no local onde hoje se encontra o Arco do Bispo. Em 1336, o rei de Castela Afonso XI, genro do rei português D. Afonso IV pôs cerco a Elvas, mas sem resultado pois não conseguiu tomá-la. Restabelecida a paz entre os dois monarcas, perante a invasão da península pelos árabes, foi em Elvas que se concentraram vários contingentes de tropas portuguesas, os quais dali, seguiram para Castela, onde tomaram parte, na memorável batalha do Salado, em 28 de Agosto de 1340. Também durante as guerras de D. Fernando com Castela, a praça de Elvas teve um papel importante: em 1381, D. João, rei de Castela, apos concentrar as suas tropas em Badajoz, dirigiu-se a Elvas e pôs cerco a fortaleza, mas, não conseguindo tomá-la de assalto, retornou a Badajoz, passando na freguesia de Caia.
Em 1382, o rei D. Fernando dirigiu-se de Lisboa para Elvas, onde se encontravam concentradas numerosas forças, para darem combate ao exército castelhano e assumiu o comando dessas forças que, todavia, não chegaram a bater-se por ter, entretanto sido concluída a paz e combinado o casamento de D. Beatriz, filha do rei português, com o rei de Castela João I. A proclamação de D. João e D. Beatriz reis de Portugal, foi recebida com o maior desagrado e até com hostilidade em Elvas. O povo amotinou-se e capitaneado por Gil Fernandes, prendeu o alcaide e obrigou-o a abandonar o posto.
A atravessar todo o território de S. Pedro, está a muralha fernandina, cuja construção foi iniciada no tempo de D. Afonso IV, que mandou construir a cintura defensiva com 22 torres e 11 portas, localizando-se a Porta de S. Vicente nesta freguesia. O burgo medieval que se desenvolveu nesta zona da Porta de S. Vicente expandiu-se para sul, encontrando-se a judiaria mais a Norte e a mouraria numa zona mais periférica. A freguesia possui um enorme portfólio de exemplares de património arqueológico, religioso, militar, civil, artesanato, gastronomia e um património intangível ímpar, como a própria cultura, os saberes, simpatia e acolhimento com que se recebe o visitante.
O Forte da Graça, as Muralhas Fernandinas, Muralhas Seiscentistas, alguns Passos da via Sacra do Concelho, as Portas de S.Vicente, a Igreja de S. Pedro, a Igreja dos Terceiros, a igreja e convento de S. Francisco, a igreja de Santa Maria de Alcáçova, o Pelourinho, o Arco do Tempre, o Castelo, o Paiol de Santa Bárbara, a Igreja de S. João da Corujeira, os quartéis da Corujeira, os quartéis na Rua dos quartéis, o Cemitério dos Ingleses, o Jardim dos Combatentes da Grande Guerra, entre outros, são exemplos dessa riqueza.
Já fora das muralhas, a freguesia conta com a igreja do Sr. Jesus no bairro da Boa-Fé, o padrão da batalha das Linhas de Elvas, entre outros.
Em 1507, D. Manuel, por carta de 3 de Março confirma o foral antigo de Elvas (dado por D. Sancho) e a 1 de junho de 1512, concede-lhe foral novo. O mesmo monarca, a 21 de abril de 1513 confere-lhe o título de cidade.
Em termos populacionais, tendo por base os dados estatísticos do Instituto Nacional de Estatística de 2011, a freguesia apresenta 6253 residentes (H/M), tem uma área de 104,05 km2.
A nível económico, sendo Caia, S. Pedro e Alcáçova uma freguesia citadina, a indústria, o comércio e os serviços ocupam grande parte da população local, no entanto persiste ainda a agricultura, essencialmente como atividade de subsistência. O artesanato é representado pela manufatura de olaria, carpintaria e bordados.